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Diálogo nórdico-brasileiro promove cooperação científica pela Amazônia com mais de 80 pesquisadores

  • comunicacaoconfap
  • 12 de nov.
  • 4 min de leitura

Iniciativa Amazônia+10 promove encontro que buscou criar pontes entre pesquisadores e instituições de diferentes países, estimulando o compartilhamento de experiências e a valorização dos saberes tradicionais amazônicos

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Realizado poucos dias antes da COP-30, a Iniciativa Amazônia+10 promoveu o encontro “Conectando saberes para a ciência com impacto na Amazônia – Diálogo nórdico-brasileiro rumo à COP-30 e além” entre os dias 22 e 24 de outubro de 2025, em Manaus (AM).


Pesquisadores do Brasil e de países nórdicos reuniram-se em uma ampla agenda de debates sobre cooperação científica e produção de conhecimento voltado ao desenvolvimento sustentável da Amazônia. O objetivo foi estimular práticas colaborativas e inclusivas, fortalecendo a integração entre ciência, comunidades tradicionais e políticas públicas.


O evento contou com o apoio do Consulado da Finlândia em São Paulo, das Embaixadas da Suécia e da Noruega em Brasília, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM) e do Governo do Amazonas, com financiamento do Nordic Embassy Cooperation Programme (NEP). O encontro buscou criar pontes entre pesquisadores e instituições de diferentes países, estimulando o compartilhamento de experiências e a valorização dos saberes tradicionais amazônicos.


De acordo com Rafael Andery, secretário-executivo da Iniciativa Amazônia+10, a proposta foi promover a conexão de conhecimentos entre áreas distintas e incluir no diálogo os saberes tradicionais. “A intenção foi também trazer pesquisadores e conhecedores indígenas e de comunidades tradicionais para o debate. A ideia é que essas conexões, formadas entre pesquisadores de lugares distintos, possam evoluir para projetos e parcerias maiores com outros países”, enfatizou.


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Para Márcia Perales Mendes Silva, diretora-presidente da Fapeam, o encontro representou uma oportunidade de ampliar as relações entre instituições nacionais e internacionais comprometidas com a pesquisa científica na Amazônia. “Recebemos representantes de embaixadas, instituições e pesquisadores da Finlândia, Noruega e Suécia, para socializarmos as ações desenvolvidas em CT&I voltadas para a Amazônia e, com isso, estabelecermos novas parcerias, novas conexões e novos diálogos com pesquisadores de outros países”, disse.


A conselheira de Educação Superior e Ciência do Consulado da Finlândia em São Paulo, Johanna Kivimäki, ressaltou a importância da cooperação internacional para fortalecer valores comuns e enfrentar desafios climáticos. “Esse evento foi uma oportunidade de unir pesquisadores nórdicos e brasileiros em diferentes áreas de pesquisa. Temos muitos valores em comum: igualdade, natureza e clima estão no coração dos nossos valores. O evento fortaleceu essas colaborações entre Suécia, Noruega, Finlândia e Brasil”, afirmou.


Abertura com vozes da ciência e da ancestralidade

 

A mesa de abertura reuniu lideranças e pesquisadores de diversas instituições brasileiras e estrangeiras. Participaram Márcia Perales Mendes Silva (FAPEAM), Johanna Kivimäki (Consulado da Finlândia), Ana Carolina Bussacos (Embaixada da Suécia), Patrick Reurink (Embaixada da Noruega) e Rafael Andery (Iniciativa Amazônia+10). Também estiveram presentes Ana Euler (Embrapa), Gisélle Lins Maranhão (Universidade Nilton Lins), Henrique dos Santos Pereira (Inpa) e Stefanie Costa Pinto Lopes (Fiocruz Amazônia).


A programação contou com palestras de destaque, como a do antropólogo João Paulo Lima Barreto, da etnia Tukano, pesquisador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ele abordou o tema “O sistema de conhecimento indígena frente aos desafios do desequilíbrio do mundo terrestre”, destacando que os povos originários habitam a Amazônia há mais de dois mil anos, mantendo o território preservado e contribuindo de forma fundamental para a ciência moderna.


A pesquisadora sámi (etnia indígena tradicional da Finlândia) Hanna Guttorm, da Universidade de Helsinque, também participou com a palestra “Indigenização da Academia e das discussões de Sustentabilidade”. Ela destacou a importância da escuta e do respeito aos saberes ancestrais. “A gente está vivendo em um mundo em crise, mas ainda temos tempo de fazer algo. Temos a possibilidade de aprender, de praticar e de valorizar esse lugar sagrado”, refletiu.


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Integração entre ciência, comunidades e políticas públicas

 

O segundo dia do evento, realizado na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), teve como tema central “Estratégias e boas práticas para aumentar o impacto dos resultados da pesquisa nas políticas públicas e nas práticas”. A programação reuniu pesquisadores, gestores de agências de fomento e representantes da União Europeia para discutir o papel da ciência na construção de políticas voltadas à Amazônia.


Para Márcia Perales, a iniciativa buscou aproximar pesquisadores da região amazônica e da Europa em um ambiente de troca e diálogo. “Tivemos um diálogo aberto e franco entre pesquisadores e gestores. A partir desse evento, nossa expectativa é ampliar parcerias para pesquisa e fomento à CT&I nos estados da Amazônia Legal”, afirmou.


Pela primeira vez em Manaus, Johanna Kivimäki destacou que o encontro deu ênfase ao impacto social das pesquisas. “Os pesquisadores trabalharam em grupos pequenos, cocriando objetivos e estratégias que ampliem o impacto das pesquisas na Amazônia. Damos muita importância à inclusão e à valorização do conhecimento original dos povos indígenas e comunidades tradicionais — isso é central em todas as discussões”, explicou.


Boas práticas e financiamento da pesquisa

 

As agências de fomento participaram de um painel sobre boas práticas para o financiamento de pesquisas responsáveis, impactantes e inclusivas. O debate foi conduzido por João Arthur Reis, assessor da presidência da FAPESP  para a Iniciativa Amazônia+10, e contou com a presença de Márcia Perales Mendes Silva, Maiju Gyran (Conselho de Pesquisa da Finlândia), Dalila Andrade Oliveira (CNPq), Rafael Andery (Iniciativa Amazônia+10) e Dhallys Mota Nunes (Delegação da União Europeia no Brasil).


Dalila Andrade Oliveira, diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do CNPq, avaliou que o encontro teve papel relevante por reunir diferentes atores comprometidos com a sustentabilidade global. “O evento foi muito construtivo porque reuniu interlocutores de diferentes espaços — academia, pesquisadores nacionais e internacionais, e povos tradicionais, com a presença de lideranças indígenas muito importantes”, destacou.


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Amazônia+10: ciência colaborativa pela floresta

 

A Iniciativa Amazônia+10 é um programa de fomento à pesquisa desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CONSECTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


O programa apoia pesquisas científicas e tecnológicas voltadas aos desafios contemporâneos da Amazônia, buscando fortalecer as relações entre natureza e sociedade e promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo. Entre as linhas temáticas estão: territórios e infraestrutura sustentável; povos da Amazônia como protagonistas do conhecimento e da valorização da biodiversidade; e fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis conduzidas por amazônidas.



 
 
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