COP30: Projetos financiados pelo Amazônia +10 realizam painel sobre Justiça Social e Climática
- comunicacaoconfap
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Com a participação de povos indígenas e tradicionais, o painel promoveu o protagonismo e apresentou resultados parciais

Em uma imersão intercultural com objetivo de evidenciar o protagonismo dos povos indígenas e tradicionais, projetos financiados pelo edital Amazônia+10 realizaram o painel “Justiça social e climática na Amazônia: regimes de conhecimento, territórios sociodiversos e produção sustentável”, na última sexta-feira, 14, no Auditório Dona Dijé, no Instituto de Estudos Amazônicos e Fronteiriços (INEAF/UFPA), na Universidade Federal do Pará (UFPA). A programação fez parte das inúmeras atividades da Conferência das Partes – COP30, em Belém.
Quem participou do painel conheceu a realidade daquelas populações e pôde compreender que não haverá justiça climática, desconectada da justiça social, uma vez que uma precede a outra.
“O evento foi importante porque podemos compartilhar, colocar as experiências do nosso trabalho com agroecologia, divulgando o trabalho das mulheres”, destacou Sileuza Barreto, agricultora familiar, da Associação de Mulheres Flores do Campo, que participou de um dos ciclos de conversas em que foi mostrado os impactos socioambientais vivenciados no entorno da Floresta Nacional do Tapajós (Flona-Tapajós), impactada pela monocultura da Soja, na região do município de Belterra e do planalto santareno. Ela fez parte da mesa 3 e, juntamente com o prof, Diego Amoedo (Ufopa), mostrou o trabalho na agricultura familiar, o acompanhamento e avaliação das políticas públicas voltadas à inclusão social no Oeste do Pará.

Vivências e campos de conhecimento
A sustentabilidade dos povos indígenas e tradicionais da Volta Grande do Xingu, o protagonismo indígena e a salvaguarda do patrimônio material e material das etnias Paliku-Arukwayene, Galibi Marworno, Wai Wai, no Amapá e Pará estiveram presentes na mesa intitulada, “Experiências e desafios dos Projetos Amazônia +10: Ação climática na Amazônia, saberes indígenas e de povos e comunidades tradicionais”, em que as coordenadoras Artionka Capiberibe, Sônia Guimarães e Emília Pietrafesa apresentaram as vivências em campo de pesquisa.
“A discussão foi rica porque existem vários temas que atravessam academia, povos indígenas, populações tradicionais que aproximam muito estes dois campos de conhecimento: o da academia e dos indígenas e populações tradicionais. Colocamos em discussão três projetos que possuem especificidades, são diferentes entre si, mas eles mostram isso: nós estamos tentando fazer uma coisa diferente, que é a construção de conhecimento conjunto, unindo a ciência da academia e a ciência dos povos indígenas e tradicionais”, avalia a professora Artionka Capiberibe.
À tarde, o ciclo de conversa continuou com os temas: “Protagonismo de povos indígenas e comunidades tradicionais”, e teve a participação dos indígenas, Lenise Palikur e Josiel Juruna, e de D. Maria Nice Machado, 65 anos, quilombola do Estado do Maranhão. A outra mesa, que evidenciou o registro do patrimônio imaterial e a divulgação científica dos projetos, foi a “Patrimônios materiais e imateriais: línguas indígenas e agroecologia”, com a participação dos professores, Lilian Rebellato (Ufopa), Elissandra Barros (Unifap), Diego Amoedo (Ufopa) e a trabalhadora rural, Sileuza Barreto e a Cacica Eliane Woxixaki Waiwai.
Também na ocasião foi lançado e distribuído o livro “Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica”, editado por Patrícia Shanley, Murilo Serra e Gabriel Medina.

Avaliação
No encerramento, uma sessão interativa para definir linhas mestras de cooperação e co-produção de conhecimento, teve a participação de Ivete Bastos (STTR-Santarém) e ficou decidido que o grupo enviará carta ao CNPQ e outros órgãos governamentais, destacando a necessidade de considerar os povos indígenas de tradicionais, que atuam nas pesquisas, como pesquisadores de fato, e não somente como colaboradores.

Texto: Talita Baena Fotos: Gabriel Baena e Talita Baena





