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Projeto apoiado pela Amazônia+10 contribui com evidências científicas apresentadas pelo MPF sobre o colapso do Rio Xingu na COP30

  • comunicacaoconfap
  • há 57 minutos
  • 2 min de leitura

Integração entre ciência acadêmica e monitoramento indígena fortalece análises sobre hidrologia, ecossistemas e justiça climática na Amazônia


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Na programação da COP30, a ciência amazônica colaborativa ganhou destaque com a participação do projeto Partilha da Água, apoiado pela primeira chamada pública da Iniciativa Amazônia+10. Os resultados do estudo integraram dois debates promovidos pelo Ministério Público Federal (MPF) na Zona Verde, nos dias 13 e 14 de novembro, contribuindo com evidências essenciais sobre o colapso socioambiental da Volta Grande do Xingu, provocado pela operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.


A pesquisa, desenvolvida em parceria com o Monitoramento Ambiental Territorial Independente (Mati), reúne conhecimentos de povos indígenas e ribeirinhos, métodos científicos de monitoramento e análise hidrológica. Essa combinação — que é marca dos projetos apoiados pela Amazônia+10 — tem fortalecido uma nova forma de produzir ciência: descentralizada, territorial, orientada à tomada de decisão e capaz de responder aos desafios climáticos da região.


Dados que revelam um colapso em curso


Durante os debates, pesquisadores e representantes indígenas apresentaram um conjunto de evidências sobre transformações profundas no Xingu, entre elas:

 

  • alterações no pulso de inundação e quebra do ciclo reprodutivo de peixes, com mortalidade em massa causada por repiquetes artificiais;

  • colapso da cadeia alimentar, resultante da morte de igapós e da interrupção dos fluxos naturais de nutrientes;

  • registro de deformidades inéditas em peixes, associadas ao estresse ambiental extremo;

  • redução severa da vazão liberada na Volta Grande, provocando impactos que superam cenários climáticos projetados pelo IPCC;

  • efeitos diretos na segurança alimentar, na economia local e na saúde das comunidades que dependem do rio.


As análises apresentadas reforçam a avaliação do MPF de que Belo Monte não cumpre o hidrograma de consenso — condição essencial definida no licenciamento da usina para garantir a vida na região.


O painel contou ainda com análises climáticas que apontam tendências de diminuição das chuvas na bacia do Xingu nas próximas décadas, indicando que o conflito hídrico tende a se intensificar se não houver mudanças na gestão dos recursos hídricos e nas operações da usina.


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Ciência amazônica orientada ao impacto


Os resultados do Partilha da Água exemplificam o propósito da Amazônia+10: produzir ciência colaborativa capaz de influenciar políticas públicas, fortalecer a governança territorial e ampliar a justiça climática na região.


A iniciativa valoriza modelos de pesquisa que aproximam cientistas e comunidades, como o realizado pelo Mati, gerando conhecimentos aplicados ao monitoramento ambiental, à defesa de direitos e à formulação de estratégias de adaptação climática.


Assim como outros projetos apoiados pela Amazônia+10 — que atuam em temas como biodiversidade, saúde, sociobioeconomia e gestão territorial — o estudo no Xingu demonstra a relevância da pesquisa amazônica para compreender crises socioambientais complexas, propor soluções e apoiar instituições na tomada de decisões sensíveis.


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A Amazônia como território de ciência, inovação e protagonismo


Ao levar esses resultados à COP30, a Amazônia+10 reafirma o papel estratégico da ciência produzida no território para enfrentar os desafios climáticos, sociais e ecológicos da região. A participação do projeto Partilha da Água fortalece a visibilidade das pesquisas amazônicas e evidencia a necessidade de integrar saberes tradicionais, dados científicos e análises institucionais para proteger rios, florestas e modos de vida.

 


 
 
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